sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Epifania

Depois de quase 3 anos de espera, eu tive minha primeira aula sobre Clarice Lispector.
Não vou me fingir de leitora compulsiva -tenho só A hora da Estrela na minha lista de engolidos- nem de amante de literatura complexa e muito profunda. Confesso até que mal entendi o verdadeiro sentido de Macabéa ser quem foi quando li o supracitado livro (Trégüa: eu tinha 14 anos e estava com o coração partido. Juro que quase esperei uma de auto-ajuda antes de começar).
Confesso também que me interesso muito mais pelas características dela do que pela própria obra, além que gostar muito mais de ler coisas sobre como e o que ela escrevia do que coisas que ela mesma escreveu (isso porque ainda não li muito, tá, vou mudar isso quando passar na UnB). Eu costumo ser muito impaciente pra ler páginas e páginas de pensamentos e filosofia... e isso é quase mais um crédito pra ela por conseguir escrever páginas e páginas de pensamentos. Enfim, então, o leitor me indaga: "Por que diabos você quer falar dessa mulher então??"
Ah, meu filho, você já conheceu alguma escritora naturalizada brasileira, mas que tivesse nascido na Ucrânia? Ou que tivesse sido convidada para um congresso de bruxaria na Colômbia? Pois é. A madama* Clarice tem algo a mais.
A começar pelo próprio estilo literário. Demorou até que algum(a) escritor(a) de renome começasse a escrever livros cuja o protagonista seria uma mulher. Não me venha com "Lucíola", "A moreninha" , "Iracema" e essas infantilidades de românticos idiotas. Livros de mulher de verdade! Mulher que pensa (até demais) e não princesinhas insossas.
Tá, mas a grande característica de Clarice não são as mulheres do livro e sim o que as mulheres do livro pensam. E é aí que entra o título do deste texto. Depois que eu descobri 0 que realmente significa "Epifania" (que não é só um termo usado em todos os vestibulares que falam da feliz ucraniana), além de ampliar meu vocabulário, passei a me perceber como quase uma grande personagem de Clarice.
Ok, o termo, dicionariamente falando:

Epifania:
do Lat. epiphania <>epiphneía, aparição

s. f.,
aparição de Jesus Cristo aos gentios;

festa religiosa para celebrar esta aparição a 6 de Janeiro;

dia dos Reis Magos.

Hm... não é isso. Literariamente, epifania seria a "última gota num copo cheio". Entendeu? Até que dá pra fazer um paralelo com o que o dicionário disse: Epifania é a hora da verdade. E no caso de Clarice, é o momento em que um pequeno acontecimento (pra muitos, até despresível) desata uma chuva de pensamentos que fazem as personagens de seus livros entenderem -ou não- sua própria existência.
Isso me chocou demais. Eu vivo entendendo e desentendendo os motivos da minha existência com acontecimentos idiotas! É, um vendedor ambulante, uma criança chorando, um caco de vidro, uma respiração... a Clarice deu muito azar de não conhecer meu cérebro antes de começar a escrever. Eu daria uma ótima personagem. E... (Agora chegou o momento de unir o útil ao agradável...)
Já que o texto é sobre Clarice Lispector, aqui vai uma ótima dica do que fazer no fim de semana:

Peça de duas amigas minhas que eu deveria ter ido assistir no domingo passado, mas sorrateiramente fui pro Cine Brasília... Mas as críticas até agora foram ótimas! E minha cadeirinha já está reservada pra esse domingo. Hehe :)
Fim de texto.

8 comentários:

Gabriel Nardi, muito prazer disse...

Bom, vamo lah
1- eu tb tenho essas epifanias com coisas irrelevantes. Isso comanda!
aeuaehuaehua
2- A Hora da Estrela é um saco. Os contos dela são bem mais legais. Leia "Amor"...
3- Outra coisa curiosa da Clarice: ela tem dois registros (n lembro se é certidão de nascimento ou coisa assim). Ou seja, ela é, teoricamente, duas pessoas. Ateh com anos de nascimento diferentes e td mais. Ah, e onde vc lê "tem" e "é", leia "tinha" e "era".
4- Ah, nem vem com essa de Clarice Lispector tem personagens femininas de verdade. Odeio essas personagens q num são femininas, mas feministas, de Virginia Woolf ew cia, q a Clarice imita. É tão longe da realidade quanto a mulher romântica. São moh mulheres que se bastam, que constroem seu proprio mundo e talz, e td vez que vem um homem eh numa posição de inferioridade, ou de violência, agressão, sei lah. Tipo "vamos queimar sutiãs e naum precisamos de homens pra viver". Que tal um pouco de convivencia pacifica, poxa?
:p

Lorena disse...

eu juro que quando a mª helena citou "epifania", eu lembrei de você,hehe.
desculpa,eu tava muito chata ontem.
mas sou muita grata por ter me chamado =D

Anônimo disse...

Epifania, bruxaria na Colombia, Ucraniana? respondendo: não nunca conheci.
Ultima gota no copo cheio foi boa. Mas que não vá você transbordar ;]
:*

Elenita Rodrigues disse...

Que droga! Perdi o espetáculo?
FELIZ demais com esse teu texto.

Vc DESABROCHA =)

Florzinha, um grande beijo.
Lelê

Elenita Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elenita Rodrigues disse...

E sobre os comentários do Gabriel enfim... (Não mesmo.)

Mas tbém não gosto tanto de "A hora da estrela". Minha favorita é a GH... Nem nome ela tem. A da paixão, sabe? O livro não tem enredo. São epifanias... sempre.

E do mesmo livro do conto amor (belíssimo!), eu sugiro bufálo... instrospecções.

Viagem ou não, amém! Irei CONTIGO.

Orgulhosa.
Um bjo.

Gabriel Nardi, muito prazer disse...

Búfalo eh 200% "homem numa posição de de violência, agressão"
mas eh legal

Anônimo disse...

Auto-estima é uma coia legal e tudo, mas dar-te-ei um conselho para a vida: para de se achar tão melhor que os outros e para de achar que merece as coisas mais do que os outros!